10 de março de 2017

Cansaço na igreja militante

"Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre" (Sl 125.1)

Tenho ouvido a respeito daqueles que amam a Deus, mas não querem conviver com a igreja. O termo "desigrejados" tem sido muito mencionado nos últimos anos e o número dos integrantes desse grupo aumentam consideravelmente a cada novo ano. Muitos desses são pessoas folgadas, crianças na fé, gente cheia de "não me toque", crentes que aderiram ao "gospel", mas nunca assumiram um compromisso com Jesus e seu Reino, gente que não se deixa tratar, cuidar e pastorear. Contudo, penso que dentre os chamados desigrejados haja pessoas que realmente amam ao Senhor, amam sua Palavra, amam o Reino, mas que simplesmente cansaram da vida cristã como ela é na igreja local. Estão fatigados, exaustos, parecem ter sido sugados das suas forças mais elementares. Eles simplesmente não conseguem mais seguir adiante na vida cristã com o estresse constante que é a igreja militante, apesar do triunfo declarado e iminente da igreja triunfante.

Fazer parte da igreja militante (aquela que se reúne a cada semana) não é para qualquer um. Não por haver muito trabalho, não pelo fato de que ministério está longe de ser um mar de rosas. Quem dera os problemas da igreja militante se resumissem a cuidar dos feridos de alma, dos perdidos que foram tocados pelo Espírito Santo e estão sob convicção de pecado. Quem dera a trabalheira envolvesse somente evangelizar e discipular os salvos que o Senhor fosse acrescentando, treinar líderes e equipar os santos. Quem dera os crentes quisessem de fato crescer na graça e no conhecimento do Senhor e tivessem coração ensinável. Quem dera pessoas se convertessem a Cristo de verdade e não a algum líder. Quem dera Cristo fosse o fator de atração e não as bênçãos que ele dá. Quem dera a comunidade eclesiástica se comprometesse com pastores e líderes sérios com um único objetivo: fazer Deus conhecido pela vida e, se necessário, pelas palavras. Quem dera crentes se abrissem para serem tratados em suas feridas mais profundas e quisessem de verdade resolver os problemas de seus corações feridos e relacionamentos quebrados pelo orgulho e falta de perdão. Quem dera a unidade fosse mais importante e valiosa que a ofensa. Quem dera a boca dos crentes proferisse mais bênção e seus joelhos se dobrasse em oração pelo próximo em vez de dar vazão à fofoca, à maledicência e ao julgamento. Quem dera... Quem dera...

Pastores e pregadores sérios e comprometidos com Deus e sua Palavra têm sofrido com a igreja dos últimos anos. Muitos crentes querem ouvir uma mensagem que lhes cause cócegas nos ouvidos, que sirva de desculpa para a vida carnal e descompromissada que levam, uma mensagem que lhes deixe no cantinho confortável do comodismo e que de forma alguma mexa com sua vida, algo que lhes permita continuar levando a vida mimando seus pecados de estimação. Muitos não querem resolver seus problemas. Querem uma mensagem de fogo que sirva de combustível para a semana até o próximo domingo; são consumidores de pregação, querem a bênção sem comprometer-se com o abençoador a ponto de permitir que ele entre nas estruturas mais escondidas e lance tudo ao chão, mudando a vida, transformando o caráter, matando de vez o velho homem e trazendo uma nova vida para a glória de Deus. Consideram palavra de Deus aquilo que vem de fora e de alguém de fora, mas consideram perseguição e mensagem encomendada a palavra ministrada a cada domingo pelo pastor que Deus colocou sobre suas vidas para cuidar, zelar e dar conta delas diante de Deus.

Depois de anos convivendo e combatendo na igreja militante (ora como membro, ora como líder, ora como seminarista, ora como esposa de pastor e mãe), confesso que, por vezes, sinto-me esgotada. Conviver com crentes consumidores é desgastante, a menos que vc ofereça um serviço (limpeza, manutenção, diversão etc.) ou um produto (alimento, bens móveis e imóveis), que seja um comerciante ou prestador de serviços, e isso não para crentes, mas para o público em geral. Os "mimimis" de crente infantil na fé,as atitudes nada espirituais de crentes carnais, líderes que simplesmente não se engajam de verdade e deixam o barco correr, crentes fracos em sua paixão por Jesus e pelo Reino de Deus, pessoas comprometidas mais com outro ser humano que com Jesus e seu Reino têm me causado certa gastura pela igreja militante, e confesso que, muitas vezes, o ajuntamento da igreja militante não me atrai.

No entanto, a Bíblia não aprova o afastamento do crente da vida na comunidade cristã. Ao contrário, ela ordena a que "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia" (Hb 10:25). Mas não podemos "tirar o corpo fora". Temos de levar em consideração o quanto temos contribuído para que essa ideia de "amo Jesus, mas não aguento mais a igreja militante" tenha se propagado tanto nos últimos anos. Precisamos entender a condição em que caíram nossos amados irmãos que outrora eram atuantes e fervorosos na igreja militante. Temos de levar a mão à consciência e refletir em quanto nossas palavras e atitudes (e até a falta delas) tem somado para que o número dos desigrejados aumente a cada mês.

Iniciei essa conversa com o texto de Salmos que parece nada ter a ver com o que eu disse em seguida. Explico: Tenho buscado colocar toda a minha confiança no Senhor a cada dia, a cada provação, a cada decepção, a cada injustiça e calúnia sofridas, a cada fracasso, a cada luta, a cada decepção. Sei que essa é a fórmula bíblica para permanecer firme e inabalável. E Deus há de me guardar de tropeçar (Jd. 24, 25).

Disse que viver na igreja militante não é pra qualquer um. E não é mesmo. Viver na igreja que se reúne a cada domingo é coisa para aqueles que se renderam totalmente a Cristo, que sabem quem são do ponto de vista de Deus,que não se preocupam com as maledicências sem motivo por parte dos crentes língua grande, que não ligam para a popularidade, que não se vende, que não negocia a verdade de Deus, que em lugar de "não levar desaforo pra casa" leva o desaforo aos pés da cruz e lava o coração no perdão que, antes de dar, recebeu de Deus. É para aqueles que não se importam com a poeira na cara e o suor na camisa. Para aqueles que colocaram a mão no arado e não olham para trás, em vez disso mantém os olhos fixos no Senhor. E eu quero ser uma dessas pessoas. Que Deus me ajude. Que ele o ajude. Que ele nos ajude. Amém.

Escrito há uns 5 anos

7 Maneiras de uma associação\convenção\presbitério matar seus ministros
1)Achar que só servem para o ministério aqueles ministros que pensam e agem de forma exatamente igual à sua (representada por seus presidentes e diretoria). Jesus reuniu em torno de si 12 homens muito diferentes e diferentes em muitos aspectos; ele até trouxe para junto de si aquele que o iria trair: a)eles tinham temperamentos diferentes; b)eram de níveis culturais diferentes; c)tinham uma visão de mundo diferente uns dos outros; d)aprendiam de forma diferente.
2)Achar que tudo têm de ser feito sempre da mesma forma;fechar-se para o novo e desprezar aqueles que apresentam e defendem novas ideias e novas formas de fazer as coisas;
3)Deixar de informar-se de como está o ministro, sua família e ministério, assistindo-o em relação a possíveis dificuldades;
4)Deixar de orar frequentemente por eles, sua família e ministério;
5)Tratar de forma omissa ou com politicagem o "bom encontro\ casamento" entre igrejas sem pastores e pastores sem igreja;
6)Não reconhecer que certas diferenças, como as de personalidade e estilo de liderança, por exemplo, podem contribuir para a unidade do grupo, abençoar o ministério e fazê-lo crescer;
7)Abandonar seus ministros que não estejam pastoreando no momento ou que estejam desbravando novos campos com trabalhos evangelísticos e missionários.

XX Maneiras de um pastor destruir as ovelhas do Senhor que estão sob seus cuidados:
1)Distorcer o texto bíblico, usando-o como forma de manipulação e de forçar o povo à obediência cega e incondicional a suas ordens e convocações;
2)Não cuidando do aperfeiçoamento dos santos (para a vida e o exercício do ministério) de acordo com os dons e habilidades de cada um;
3)Deixando de orar por suas ovelhas;
4)Deixando de preparar-se com dedicação e no temor do Senhor para ministrar a Palavra de Deus com excelência, não levando em consideração que deve falar "A Palavra de Deus, para o povo de Deus, na presença de Deus";
5)Mantê-lo no mesmo nível em que estão, deixando de estimulá-los ao crescimento, ao estudo e à excelência;
6)Deixar de corrigi-las em amor;
7)Deixar de incentivá-las e honrá-las como parte do Reino que Deus está estabelecendo neste mundo.

XX Maneiras de uma igreja destruir seu pastor
1)Considerar o pastor como seu empregado em vez de considerá-lo um vocacionado por Deus (como é de fato);
2)Descuidar dele e deixar de prover suas necessidades (de descanso, financeiras, saúde e capacitação ministerial);
3)Deixar de orar pelo pastor;
4)Exercer o ministério sem visar à excelência;
5)Falar mal do pastor e de sua família, distorcendo o que ele diz em proveito próprio ou para causar dissensões e ganhar argumentos;
6)Não honrá-lo como vocacionado por Deus, tratando-o de forma desrespeitosa e sem consideração;
7)Deixar de compartilhar (problemas, dificuldades diversas, ideias, sugestões) com ele os desafios que enfrenta, supondo que sendo o pastor da igreja "ele já sabe" ou "ele deveria saber disso";
8) Fazer comparação entre o pastor atual e o anterior (independentemente de elogiar ou criticar o atual nessa comparação)