6 de outubro de 2010

Meditações da noite: O nosso grande limitador

"Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós..." (Ef. 3.20)

Esse trecho da Palavra de Deus sempre me intrigou. A primeira parte dele não me causa espanto, pois Deus, de fato, pode todas as coisas. O nosso Deus é todo-poderoso.

Ao longo das Escrituras temos exemplos grandiosos da manifestação do poder divino. Desde a Criação,quando, do nada, o mundo é criado e o homem formado, até chegar ao clímax dos acontecimentos no Apocalipse, Deus é revelado como Deus amoroso, perdoador, misericordioso, paciente, fiel, mas também como Todo-poderoso.

O fato de Deus ser poderoso tem tudo a ver com nossa a vida de fé e oração.
O fato de Deus ser poderoso é a garantia de que minhas orações serão não apenas ouvidas, mas também atendidas em nível muito mais elevado do que eu poderia pedir ou mesmo ter coragem de pensar. Parece então não haver pedido ousado demais para o nosso Deus. Nada há que seja difícil para ele, que é conhecido como o "Deus do impossível".

Se é assim, então por que é que algumas das nossas orações parecem não conseguir ultrapassar o teto de nossa casa? Certamente o problema não está em Deus, mas em nós.
E isso nos leva à segunda parte do versículo: "... conforme o seu poder que opera em nós...".

Esse trecho me deixa com certa dose de irritação comigo mesma. A fórmula parece ser tão simples: quanto mais poder divino agindo em mim, mais viverei generosidade divina; ou seja, Deus poderá fazer em mim, por mim e apesar de mim "...infinitamente mais...".

Todavia não é tão simples assim porque humanos que somos, temos uma necessidade desesperadoramente pecaminosa de dirigir nossos próprios passos. Seres humanos gostam de dominar, mandar, "ser cabeça, não cauda", ordenar, determinar, mesmo que seja em relação a Deus.

O Cristianismo (se é que assim podemos chamar; tenho dúvidas grandes a esse respeito) atual tem ensinado que há poder em nossas palavras, por isso podemos "determinar", "ordenar", "declarar"... e assim como dissermos será feito. Diz que precisamos ter ousadia espiritual para ordenar que as coisas aconteçam.

Eu sou do tempo em que Deus dava as ordens e os cristãos podiam optar entre obedecer ou não, conscientes das consequências de sua decisão.

Bons tempos aqueles em que buscavámos a Deus nas vigílias com a galera do Amor e Paz, nosso grupo de evangelização em escola. Quantas noites memoráveis passamos ao ar livre, nos montes de Ferraz de Vasconcelos, orando pela salvação de nossos colegas de escola. Quantos jejuns seguidos de momentos de oração fervorosa e de quebrantamento. Que tempo memorável passamos na presença de Deus como jovens da Igreja Batista Renovada de Ferraz de Vasconcelos. Quantos jovens foram despertados para missões naquele tempo, e cursaram o seminário teológico, preparando-se para a obra de Deus. Hoje, uns são pastores, outros são líderes destacados em suas igrejas ou atuam em ministérios diversos.

Tenho saudades do tempo em que a preocupação da igreja era buscar ao Senhor de todo o coração, abrir-se para receber mais da pessoa de Deus (não somente das bênçãos dele).

Quero que o Senhor reacenda em mim essa chama ardente. Oro pedindo a Deus que eu fique firme no propósito de buscar a ele, dar mais espaço para ele agir em minha vida, para assim, mais dele poder agir em mim.

No final das contas, o único limitador da ação de Deus em minha vida sou eu mesma. Eu impeço Deus de fazer "... infinitamente mais..." em mim. Se der pouco espaço para o poder de Deus agir em mim, pouco receberei desse "... infinitamente mais..."

Precisamos desesperadamente de mais poder de Deus agindo em nós, não só para fazer "as obras que eu faço e ainda maiores...", mas principalmente para quebrar nosso orgulho, acalmar nosso coração, domar nosso gênio, quebrantar-nos, transformar-nos, conformar-nos à imagem de nosso Amado, colocar-nos de joelhos em atitude de entrega e adoração ao Deus dos deuses e Senhor dos senhores.

E é assim que devemos estar e nos apresentar diante do nosso Deus: prostrados. Reconhecendo que ele é... e nós, nada somos; sabendo, porém, que ele nos amou.

Parece assim, simples e direto: quanto mais eu me abrir para o poder de Deus agir em mim e através de mim, muito mais Deus poderá fazer em mim, por mim e... apesar de mim.

Que Deus nos ajude nesta caminhada e use-nos para sua glória.