19 de setembro de 2009

“É PRECISO SABER VIVER” - Parte 1: “Cuidado boquinha o que fala...”

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4.29)

Há um cântico infantil antigo, de ensino profundamente bíblico e válido para todos os tempos. Vejamos:

Cuidado olhinho o que vê/ O Salvador, no céu, está olhando pra você/ Cuidado olhinho o que vê. Cuidado boquinha o que fala.../ Cuidado mãozinha o que pega.../ Cuidado pezinho onde pisa...

Convido você a pensar sobre algumas considerações feitas na Palavra de Deus a respeito da boca, dos olhos, da mão e do pé; uma de cada vez. Começaremos falando a respeito da boca, ou da língua.

Neste exato momento, ouvi uma voz, dizendo: “Saco. Que Saaaco!”.

A partir do momento em que o pecado entrou no mundo, o ser humano passou a ter problemas para lidar corretamente com a língua.

A Palavra de Deus nos fala muito a respeito do uso da boca e da língua. É provável que, se o assunto não fosse de tamanha seriedade, as Escrituras não gastariam tanto espaço falando sobre esse tema.

Não sou adepta da teologia barata que vive falando, sem critério bíblico algum, “Há poder em suas palavras”, “Profetize, declare, ordene...”. Porém, é importante relembrar que tudo o que dissermos “poderá e será usado contra nós” no tribunal da vida. Prestaremos contas ao Senhor, afirma o escritor de Provérbios. Amaldiçoar traz maldição sobre nós; abençoar traz bênção. O efeito bumerangue é tanto impiedoso quanto certo, pois aquilo que semearmos, colheremos.

A Palavra de Deus trata não apenas do falar mal uns dos outros, mas inclui, sem dúvida, as palavras “tortas” que saem de nossa boca, carregadas de energia negativa (Dificilmente falaremos mal de alguém ou usaremos uma palavra “torta” com ar de doçura na voz e na expressão facial).

Que Deus nos ajude a corrigir nossas falhas nesta área, enquanto estudamos sua Palavra.


Por que precisamos cuidar com nosso falar?

1 – Porque a responsabilidade pelo que falamos é totalmente nossa:

Eu sou o único responsável pelo que sai da minha boca; eu tenho o dever de controlar o “quando”, o “onde” e o “o quê” falar. No Salmo 39.1, o escritor menciona: “Eu disse: ‘Vou ter cuidado com a minha maneira de viver e não vou deixar que a minha língua me faça pecar’”. Não adianta espiritualizar. Tenho de tomar uma firme decisão sobre isso.


2- Porque o que falamos revela o que está em nosso coração:

Somos advertidos a ocupar nossa mente só com o que for bom, louvável e edificante (Fp 4.8). É impossível que alguém que fala obscenidades, palavrões, conta piadas preconceituosas etc. tenha o coração repleto da Palavra de Deus.

O pé de laranja produzirá somente laranjas. Não adianta “declarar” que ele produzirá maçãs, porque isso não acontecerá. Fazer campanhas e jejuar para que uma vaca comece a latir, será inútil. Assim também, só falamos, e fazemos, aquilo que nos é próprio. Encher nossa mente e coração com a Palavra do Senhor é um “santo remédio” para o “mal da língua”.


3- Porque o uso correto da língua afirma e autentica a fé que professamos:

Tiago afirma que a língua é inflamada pelo inferno. Sério isso, hein.

Se não controlamos nossa língua, nosso testemunho cristão torna-se nulo. Deixamos de ser sal da terra e luz do mundo. Tornamo-nos “iguais”. Tiago escreve: “Alguém está pensando que é religioso? Se não souber controlar a língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo” (1.26).


4- Porque quem quer ser plenamente feliz deve observar atentamente como usa a língua:

Do bom uso da língua depende nossa felicidade. O apóstolo Pedro afirma que “... quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano”, ou, como na Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Quem quiser gozar a vida e ter dias felizes não fale coisas más e não conte mentiras” (1 Pd 3.10).

Viver bem inclui também viver em paz. Quantos problemas evitamos, para nós e para os outros, quando guardamos nossa língua de falar além da conta. Aquele que usa corretamente sua língua se livra de confusão: “Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda” (Pv 26.20).

Mesmo quando o que falamos está cheio da mais pura verdade, devemos cuidar com a maneira como falamos. A verdade deve ser dita na hora certa, do modo certo e quando a pessoa que vai recebê-la estiver pronta para ouvir; isso só o Senhor poderá nos dizer.


5- Porque somos chamados para ser íntegros e viver de modo coerente:

A Bíblia diz que da nossa boca deve proceder apenas palavras de bênção (mesmo diante de pessoas e situações que nos tirem do sério).

Não é coerente bendizer a Deus e amaldiçoar as pessoas criadas à sua semelhança. É como alguém dizer que nos ama e não querer bem nosso filho ou marido; esse amor torna-se, para nós, sem valor algum.

Falar mal parece tão fácil quanto descer uma ladeira; falar bem, tão difícil quando escalar o monte Everest. Já notou como temos dificuldades de apontar qualidades nos outros?

Outro dia, em um culto de ceia, nosso pastor pediu que os membros se reunissem por famílias, e que o líder de cada família tomasse o pão e o vinho e os servisse a seus familiares. Feito isso, cada um deveria apontar uma qualidade do outro e louvar a Deus por isso. Hum!! Imagine a dificuldade que foi. Esse culto quase se transformou em vigília (não pelas muitas qualidades mencionadas, mas pela dificuldade em lembrar ao menos uma) rsrsrs .

Quando apontamos o dedo para acusar alguém, há outros 3 dedos apontando para nós, além de um apontando para Deus, lembrando-nos que só o Senhor pode julgar, pois só ele conhece o coração humano. Além do mais, ninguém precisa de outro acusador, porque Satanás faz isso com maestria.

Tiago diz: “Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos, isso não deve ser assim. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus” (3.9,10).


6- Porque quem muito fala mais perto está de pecar:

Quanto mais você fala, mais perto está de pecar; se você é sábio, controle a sua língua” (Pv 10.19).

O homem sábio, segundo a Bíblia, é aquele que modera suas palavras.

Precisamos dar mais tempo às palavras em nossa mente. Ponderar nelas, e só depois proferi-las. Isso evitaria muita confusão e traria mais unidade ao corpo de Cristo.


7- Porque aquilo que dizemos pode causar danos irreparáveis:

Não é sem razão que a Palavra de Deus nos adverte em relação ao mau uso da língua. Há motivos de sobra para justificar o alerta bíblico para darmos maior atenção àquilo que sai de nossa boca, pois pode contaminar tudo ao redor.

Tiago afirma: “É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas” (3.5,6).

Somos avisados de que a boca fala do que o coração está cheio. É automático: o conteúdo do coração transborda pela boca, literalmente. Se encho meu coração com palavras torpes, obscenidades, gírias, fofocas, maledicência, esse conteúdo se derramará através da minha boca, causando sérios danos onde cair. Se, ao contrário, encho meu coração da Palavra de Deus, dos princípios divinos, de coisas edificantes, da leitura de bons livros, isso também fluirá dos meus lábios para abençoar. “Cuidado boquinha o que fala!”

Precisamos nos juntar ao salmista em oração constante: “Ó SENHOR, controla a minha boca e não me deixes falar o que não devo!” (Sl 141.3). Só com a ajuda do Senhor, venceremos as grandes batalhas contra nossa língua.

Que nossa língua promova apenas incêndios purificadores.

Que sejamos boca para os menos favorecidos, que clamemos contra a injustiça, a opressão, o preconceito.

Que clamemos a Deus para que cure nossa nação e sacuda nossa igreja com o poder do Espírito Santo.

Que incendiemos nossa casa, vizinhança, cidade e nação com a Palavra de Deus.

Que incendiemos o coração de nossos filhos com as verdades divinas. Abaixo ao relativismo!! Que esse seja o tipo de incêndio provocado pela nossa língua.

O que falamos produzirá marcas profundas na vida dos que nos rodeiam. Nossos filhos repetirão, sem hesitar e com muita propriedade, tudo o que dissermos.

Quanto àquela voz... Ela vinha da sala de nossa casa, e era de meu filho, de apenas 2 aninhos, repetindo o que ouviu muitas vezes da minha boca. Hum... Aprendi a lição!!! “Cuidado boquinha o que fala.”

Que Deus nos ajude enquanto aprendemos dele, com ele e com os que nos rodeiam.

A serviço do Rei Jesus,